Até onde você iria para defender o que você acredita? Julia “Butterfly” Hill, foi capaz de morar 2 anos em cima de uma árvore para evitar que ela fosse derrubada.
Enfrentando tempestades, frio e isolamento, tudo para salvar uma gigante milenar de ser derrubada por uma madeireira. Esta é a história de Julia Butterfly Hill, a mulher que se tornou um símbolo mundial de resistência ambiental.
Em 1997, uma jovem de 23 anos tomou uma decisão radical que mudaria sua vida e a luta ambiental para sempre. Julia Butterfly Hill escalou uma imensa sequoia de mais de mil anos na Califórnia e se recusou a descer.
O que começou como um ato de protesto de poucos dias se transformou em uma resistência de 738 dias. Foram dois anos muito difíceis em que Julia enfrentou, sozinha, chuvas torrenciais, ventanias violentas e, claro, a pressão da madeireira para que ela descesse da árvore que eles queriam derrubar.
Nós vamos ver os detalhes sobre essa história nesse artigo. O que de fato motivou Julia a fazer algo tão extremo quanto viver numa árvore? Agora, o que mais me causa dúvida é: como ela sobreviveu lá em cima, sem descer, por 2 anos inteiros.
Julia ‘Butterfly’ Hill
Julia Lorraine Hill nasceu em 18 de fevereiro de 1974, no estado americano do Arkansas. Desde pequena, viveu uma vida de nômade com a sua família, viajando pelos Estados Unidos em um trailer. Segundo ela, essa vida viajando ajudou a moldar o seu espírito aventureiro.
Quando Julia estava com 22 anos, sua vida virou de cabeça para baixo. Ela sofreu um acidente de carro muito grave e chegou muito perto da morte. Julia, durante seu período de recuperação, começou a refletir sobre o que realmente importava para ela. Foi aí que, segundo ela, algo despertou dentro dela e ela decidiu dedicar a sua vida à proteção do meio ambiente.

Com seu novo objetivo em mente, pouco tempo depois, ela conheceu um grupo de ativistas ambientais na Califórnia, esse grupo estava protestando contra a derrubada de uma floresta de sequoias milenares pela madeireira Pacific Lumber Company.
Vendo essa situação e tendo em mente o que ela havia decidido para a sua vida, Julia se juntou à causa dos ativistas.
A Pacific planejava cortar uma árvore gigante conhecida como Luna, com mais de 1000 anos de idade. Julia Hill, completamente determinada a impedir a derrubada de Luna, escalou a árvore e jurou que não iria descer a não ser que a madeireira desistisse de derrubá-la.
A vida morando em uma árvore
Agora pense bem, se você fosse viver em cima de uma árvore, alguns dias já seriam o suficiente para qualquer um de nós desistir, agora imagine 738 dias, né? Julia viveu por 2 anos em um espacinho a mais de 50 metros do chão.
Ela construiu uma plataforma de 1 metro e meio mais ou menos, lá ela dormia, comia e se protegia do tempo, e você aí reclamando do seu apartamento tipo estúdio de 20 metros quadrados em São Paulo, pagando 5 mil “real“ de aluguel, né?
Ela dormia em um saco de dormir, daqueles de acampamento e toda a sua comida era enviada pelos outros ativistas que estavam no chão, eles içaram cestos até a plataforma que a Julia ficava.
Como se não bastasse viver em um espaço minúsculo numa altura gigantesca e perigosa. Ela também sofria com tempestades com ventos de até 100km/h que balançavam a árvore toda violentamente. As temperaturas baixíssimas do inverno tornavam tudo mais difícil ainda para Julia. Além disso, a solidão e o isolamento eram obstáculos psicológicos tão difíceis de superar quanto os físicos.
Como se a natureza já não fosse o suficiente para tentar fazer com que Julia desistisse, havia ainda a pressão enorme que a madeireira fazia para forçá-la a desistir, para isso, ela usava de táticas de intimidação. Alguns trabalhadores da empresa foram mandados para impedir que os ativistas enviassem alimentos para Julia lá no alto da árvore Luna, vez ou outra a madeireira enviava helicópteros para sobrevoar o topo da árvore, fazendo um barulho ensurdecedor para assustar e incomodar a mulher.
Mesmo com tudo contra ela, Julia resistiu firmemente. Durante meses, ela usava um telefone via rádio para dar entrevistas e chamar a atenção do público geral para a causa de proteção das sequoias milenares.
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A vitória de Julia Hill
Quase dois anos vivendo uma árvore gigante, finalmente deu resultado para Julia Hill. Com toda a pressão da mídia em cima desse caso e o apoio das pessoas crescendo sem parar, a Pacific Lumber Company foi obrigada a negociar com a ativista.
Sendo assim, em dezembro de 1999, um acordo foi firmado. A madeireira aceitou preservar Luna e um raio de 60 metros ao redor dela em troca de 50 mil dólares doados pelos ativistas. O dinheiro foi destinado a projetos de reflorestamento e conservação.

É importante lembrar que a vitória de Julia não foi apenas a salvação de uma única árvore gigante. A sua perseverança e resistência chamou a atenção do mundo todo para a destruição de florestas antigas e também inspirou milhares de pessoas a lutarem pelo mesmo objetivo: a preservação do meio ambiente.
Quando finalmente desceu da árvore Luna, após longos 738 dias vivendo entre os seus ganhos, ela estava bem debilitada mas também emocionada. Julia se tornou um símbolo da luta ambiental e continuou o seu trabalho, lutando ativamente pela preservação da natureza, escrevendo livros e palestrando pelo mundo afora.
O ativismo continua
Ela ficou 2 anos em cima de uma árvore, mas a luta de Julia não acabou, como falei ela continuou atuando como ativista e palestrante como uma das figuras mais importantes do ativismo ambiental.
Julia Hill escreveu um livro best-seller chamado The Legacy of Luna, ou o Legado de Luna em português, onde ela narra toda a sua experiência vivendo na gigante Luna por todo aquele tempo. Ela também lançou One Makes the Difference, que é basicamente um guia sobre como indivíduos podem causar impactos positivos no mundo, assim como ela.

Ela também fundou várias iniciativas voltadas para a justiça ambiental e social, como o Circle of Life Foundation, que incentiva ações sustentáveis. Julia, trabalha com comunidades ao redor do mundo, ajudando na resistência contra os desmatamentos desenfreados e grandes corporações que exploram os recursos naturais do planeta de forma predatória.
Nos últimos anos, Julia tem dado palestras e participando de protestos de forma pacífica, incentivando as pessoas a se envolverem ativamente na proteção da natureza. O seu trabalho inspira toda uma nova geração de ativistas a desafiar o sistema e lutar por um planeta que funcione de forma mais sustentável.
Casos famosos de ambientalistas radicais
Julia “Butterfly” Hill, foi uma grande ativista e seu ato foi memorável, isso não dá pra negar, mas é interessante lembrar que ela não foi a única ativista a ter impulsos radicais para defender sua causa, também temos outros casos famosos de ambientalistas que tiveram atitudes tão grande quanto ela.
Alain Robert

O francês Alain Robert, conhecido como “Homem-Aranha da Vida Real”, usa suas habilidades de escalada para protestar contra a inação dos governos. Em 2019, ele escalou sem equipamentos de segurança um arranha-céu de 185 metros em Londres para exigir que líderes mundiais adotassem medidas urgentes contra o aquecimento global.
Extinction Rebellion

O grupo ambientalista Extinction Rebellion, conhecido por seus protestos radicais, em 2019, um ativista do grupo se colou ao teto de um avião da British Airways no aeroporto de London City, interrompendo voos e causando grande impacto na mídia.
David Buckel

Ele foi um renomado advogado ambientalista e defensor dos direitos LGBTQIA+, cometeu um ato extremo para alertar o mundo sobre os danos ambientais causados pelo uso de combustíveis fósseis. Em abril de 2018, ele se imolou com gasolina no Prospect Park, em Nova York, deixando uma carta de despedida onde explicava que sua morte era um protesto contra a destruição do meio ambiente. Ele esperava que sua ação chocasse o público e trouxesse mais urgência para a luta contra as mudanças climáticas.
Conclusão
E agora eu repito a pergunta que eu fiz no começo desse texto: até onde você iria para defender o que você acredita? Com certeza Julia Hill e os outros ativistas que eu acabei de citar foram bem longe.
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