Imagine que você está sentado ao lado de fora de sua casa, por volta das 7h da manhã quando de repente, uma bola de fogo gigantesca surge no céu.
Você não sabe o que é e nem tem tempo de pensar a respeito pois instantes depois de surgir, ela explode no ar. Mesmo estando muito distante da sua casa você é arremessado a quase um metro de distância pelo impacto, os vidros das janelas estouram e o céu se ilumina por completo…
Parece cena de filme de fim do mundo, mas isso aconteceu de verdade. Esse evento ficou conhecido como o “Misterioso Evento de Tunguska” e ocorreu a mais de 117 anos atrás.
A explosão mais forte do mundo
No dia 30 de junho de 1908 em Tunguska, na Sibéria, numa região bem remota, uma bola de fogo rasga os céus deixando um rastro flamejante de 800km, pouco tempo depois vem uma enorme explosão equivalente a mil bombas de Hiroshima.
No local em que aconteceu, uma floresta vasta foi completamente dizimada e o impacto violento da explosão continuou se espalhando…
A 70 km de distância, testemunhas de uma pequena vila relataram os efeitos desse impacto. Segundo esses moradores, pessoas eram arremessadas a quase 1 metro de distância por um vento extremamente forte e muito quente. Vidros se quebraram e tremores foram sentidos. Há um relato que diz que um homem, já bem idoso, morreu de susto pelo barulho muito alto da explosão apocalíptica.
Mas não para por aí, a cerca de 200 km de distância do local do impacto, as árvores eram dobradas pelo vento forte causado pelo choque da explosão que ainda se espalhava com força surpreendente. Essa explosão foi tão forte, mas tão forte que o som dela chegou a ser ouvido a 1200 km de distância do ponto original.
A explosão em si já é muito intrigante, afinal, com uma força superior a 1000 bombas de Hiroshima não tem como não chamar a atenção, mas todo esse caso fica ainda mais surpreendente quando um mistério se apresenta…
O mistério da explosão
Como se não bastasse tudo que eu já contei, esse caso consegue ficar ainda mais intrigante. Somente 19 anos depois uma equipe foi enviada para examinar o local, essa expedição demorou muito por conta da situação política da Rússia na época.
Essa expedição foi liderada pelo mineralogista russo Leonid Kulik, que era bastante conhecido por suas pesquisas sobre meteoritos. Ao chegar no local, Kulik e sua equipe encontraram muitas e muitas árvores caídas (na fonte que consultei diz ser milhares de árvores), todas elas dispostas de forma a deixar claro que a origem do impacto teria sido no meio desse padrão radial.

O que chocou a todos é que nenhum vestígio da explosão em si foi encontrado no solo. Era óbvio que uma explosão daquela magnitude deixaria uma cratera e uma das grandes ainda por cima, mas nada, tirando as árvores mortas, sinalizava que havia tido uma explosão daquele porte no local.
Como não encontraram nada que indicasse a queda de um objeto que poderia ser a tal bola de fogo que foi avistada no céu, os cientistas chegaram à conclusão que a explosão de seja lá o que tenha sido aconteceu no céu, cerca de 5 a 10 quilômetros do chão.
Antes de falar das teorias mais aceitas pelo meio científico, vamos voltar para o dia da explosão e visitar os relatos das testemunhas que viram tudo acontecer.
Relatos de testemunhas oculares
As histórias contadas por quem realmente viu esse evento são surpreendentes. Alguns relatos contam sobre um brilho azul estranho que iluminou o céu da região por dias, para a gente ter uma noção, em algumas partes da Europa dava até pra ler jornais de noite, sem usar outras fontes de luz.
Segundo alguns cientistas, e nós vamos ver isso com mais detalhes ao decorrer do vídeo, dizem que o fenômeno da luz azul no céu foi parecido com o que acontece com a aurora boreal, só que em um nível muito mais elevado.
Outras testemunhas relatam que foram atingidas por um vento muito forte e quente que, conforme já vimos anteriormente, se tratava do choque da explosão. Um dos relatos mais tocantes é o de um homem que diz ter sido arremessado pela explosão e desmaiou, quando acordou horas depois, encontrou sua casa destruída e várias queimaduras pelo corpo.
As teorias das causas
Para tentar explicar como essa explosão enorme aconteceu e não deixou vestígios do objeto que explodiu de fato, diversas teorias começaram a aparecer. Algumas delas elaboradas pelos cientistas, outras pelos curiosos.
Até hoje a teoria mais aceita é aquela que Leonid Kulik elaborou ao visitar o marco zero da explosão. Essa teoria diz que um asteroide ou cometa explodiu na atmosfera, esse choque gerou uma poderosa onda de impacto que causou todos os fenômenos que vimos antes aqui no vídeo.
Segundo Kulik, não houve vestígios, pois a explosão teria acontecido, como já falamos, entre 5 a 10 quilômetros do solo.
Embora a teoria de Leonid tenha alguns furos que fazem com que ela não seja aceita como a causa oficial do Evento de Tunguska ela é ainda a mais “confiável” digamos assim. Porém, ela não é a única teoria que tenta explicar esse mistério, vamos dar uma olhadinha nas outras.
Explosão de gás
Há também uma outra teoria, essa tenta explicar a explosão de uma forma diferente. Segundo essa teoria tudo teria acontecido por conta de uma nuvem de gás metano liberada do solo e que foi incendiada por uma algum tipo de faísca elétrica. Mesmo essa sendo uma das teorias menos aceita, essa seria uma boa explicação para a falta de detritos no local.
Mas lendo essa teoria, eu me pergunto: e a bola de fogo que as testemunhas viram? Se fosse algum tipo de faísca seria ela um raio? Ou será que poderia ter sido sim um meteorito ou asteroide, que caiu na terra mas acabou dando de encontro com essa nuvem de gás e detonou? Bom, se for isso, a bola de fogo e a falta de vestígios poderiam ser explicadas.
Mas é claro, eu posso e devo estar falando besteira então bora continuar com o vídeo.
Experimento secreto com armas
Entrando na zona das conspirações (que é o que a gente gosta) existem mais teorias ainda para tentar explicar o que aconteceu em Tunguska. Uma das teorias mais difundidas é a de que a explosão foi causada por um experimento secreto feito por algum governo, provavelmente o russo, já que tudo aconteceu na Sibéria, que faz parte do território da Rússia.
Não há qualquer indício de que isso seja verdade (e se fosse real também não haveria, certo?). Mas o surgimento dessas teorias é inevitável, ainda mais quando a própria ciência não consegue nos dar uma resposta definitiva sobre o que aconteceu em Tunguska.
Alienígenas
Agora vamos falar da teoria que eu mais gosto: ALIENS! E é claro que essa não podia faltar, né? Alienígenas podem estar envolvidos na explosão de Tunguska? Explosão esta que supera em mil vezes a bomba de Hiroshima?
Bom, segundo essa teoria sim e a explicação é a seguinte: como a explosão não deixou nenhum vestígio, ela poderia ter sido causada por alguma tecnologia alienígena. E pra tentar deixar menos absurdo isso tudo, a maior “prova” entre aspas seria a coincidência incrível de que o local em que a explosão aconteceu fosse completamente desabitado.
A teoria ainda diz que o objeto que caiu na terra foi na verdade uma nave alienígena enviada para salvar a humanidade de uma tragédia iminente. Parece história de ficção, né? E em parte é mesmo. Essa hipótese veio de uma história escrita por um engenheiro soviético, em 1946, na história existe uma nave espacial alienígena movida a energia nuclear.
Cansou de ler? Temos um vídeo pra você:
Em 2004, essa teoria ganhou mais força quando um grupo de cientistas russos alegou que encontraram destroços de uma nave espacial no mesmo local do impacto. Porém, nenhum defensor dessa teoria conseguiu apresentar nenhuma prova sequer.
Há também o fato de que o Cosmódromo de Baikonur, que é bem próximo do local da queda em Tunguska, estar cheio de destroços espaciais russos muito por conta da queda da nave Vostok em seu voo de teste na década de 60. Os destroços da nave podem ter sido facilmente confundidos com artefatos “aliens” pelos cientistas e isso enfraqueceu ainda mais essa versão.
Agora, na minha opinião, mesmo sabendo que existe a chance, por mais remota que seja, da humanidade ter dado a sorte dessa energia toda ter sido liberada em um lugar desabitado, parece muita coincidência… E digo mais, esse argumento da escolha inteligente do local poderia também ser aplicada lá na teoria de uma arma sendo testada em um experimento secreto do governo Russo.
E o que você acha? ETs estariam testando como a humanidade ou a Terra em si responderia a um poder destrutivo daquele? Talvez esperando alguma reação? Talvez tenham errado o alvo acreditando que tivessem acertado algum centro populoso? Comenta aí, eu vou gostar de ler as teorias de vocês.
Cratera encontrada?
Como vimos até agora, uma das coisas mais surpreendentes deste caso foi a falta de uma cratera. Era de se esperar que uma explosão daquele tamanho deixasse bem visível o local do impacto, até mesmo sendo uma explosão área, uma força de 1000 bombas de Hiroshima teria marcado o solo de alguma forma.
Bom, a busca pela cratera sempre fez parte das pesquisas sobre o Evento de Tunguska e em 1960 surgiram novidades sobre ela: dois cientistas russos, Koshelev e Florensky, encontraram o lago Cheko, cerca de 8 km a noroeste do suposto centro da explosão de Tunguska. Koshelev sugeriu que o lago poderia ser uma cratera de impacto causada pelo evento.
Por outro lado, Florensky discordou, afirmando que, com base nos sedimentos do fundo do lago, ele já existia antes de Tunguska.
Novas analises são feitas
Só em 2007 mais análises sobre essa teoria foram feitas, quando pesquisadores italianos da Universidade de Bologna notaram que o formato afunilado do lago Cheko era incomum entre os lagos siberianos, que costumam ser planos. Essa forma afunilada se assemelha a crateras de impacto, o que levantou ainda mais suspeitas sobre a cratera do Evento Tunguska.
Ao verificarem os mapas antigos, lá da época czarista de 1883, viram que esse lago não constava em nenhum deles, o que sugeria que o lago Cheko poderia ter surgido após essa data, provavelmente em 1908.
Mas não, esse não foi o fim do mistério. Novas evidências surgiram em 2023 e elas refutam a teoria de Koshelev e dos pesquisadores italianos. Segundo o Centro Federal de Pesquisa da Rússia (vou deixar o link pra vocês na descrição), depois de uma análise do solo e dos lagos próximos ao Cheko, foram descobertas duas coisas.

A primeira delas é que a forma de funil não era exclusiva do lago Cheko, muitos outros lagos da região possuíam a mesma forma. E a segunda coisa é que depois da análise do solo do lago Cheko e de outros lagos próximos, os cientistas chegaram à conclusão de que ele, o Cheko, já existia a mais de 300 anos antes do Evento Tunguska e os outros lagos ao redor eram ainda mais antigos, chegando a superar os 1000 anos.
A causa da explosão
Asteroide, meteoro, nave alienígena, gás metano ou cometa? Afinal, o que é que causou o tão misterioso Evento de Tunguska com uma explosão equivalente a 1000 bombas nucleares?
Bom, como vimos até agora o mistério continua até os dias de hoje e nem a cratera de impacto foi encontrada, mas calma, existe a teoria mais aceita para esse evento, aquela que eu comentei lá no comecinho do vídeo, lembra? Se você não lembra, não tem problema, pois nós vamos falar um pouco mais detalhadamente sobre ela agora. Já vou avisando que a coisa vai ficar um pouco mais técnica a partir de agora, mas bora lá, não desista ainda!
A teoria mais aceita: O cometa de Tunguska
A luminosidade que foi vista no céu da Sibéria, parecida com uma aurora boreal mais intensa, foi uma das maiores responsáveis por sustentar a teoria que explica que a explosão foi causada por um cometa. Foram feitas análises químicas na região do impacto e foi detectada uma forte presença de material cometário.
O astrônomo Lubor Kresak sugeriu, em 1978, que o Evento Tunguska foi causado por um fragmento de um cometa chamado Encke. Este cometa estava ligado à chuva de meteoros Beta Taurídeos, que teve um pico naquela mesma época.
A teoria do cometa é forte mas há quem discorde dela, o astrônomo Sekanina, em 1983, foi um dos que contestou essa ideia. O argumento dele é que um cometa teria se desintegrado antes mesmo de atingir a atmosfera inferior e reforçou a teoria de que o que aconteceu em Tunguska foi causado por um objeto rochoso, denso e possivelmente parte de um asteroide. Em 2001, Sekanina ganhou apoio quando um estudo apontou que a trajetória do tal objeto tinha 83% de chance de ser asteroidal, contra 17% de chance de ser de origem cometária.
A teoria do cometa persiste
Mas aqueles que defendiam a teoria do cometa não desistiram. Seus defensores acreditavam que o objeto poderia ser um cometa extinto com uma camada rochosa protetora que o protegeu no seu contato com a atmosfera inferior e se desintegrou em seguida. Já aqueles que acreditavam se tratar de um asteroide, defendem a ideia de que o objeto era tão pequeno que explodiu no ar devido à pressão e ao calor e os fragmentos seriam pequenos demais para deixar uma cratera.
Em 1993, alguns modelos apontavam que o tal objeto teria cerca de 60 metros de diâmetro, com características entre um condrito comum e um condrito carbonato. Esse tal de condrito aí são considerados os meteoritos mais primitivos do sistema solar e são formados por vários tipos de poeira e pequenos grãos presentes lá no começo do sistema solar.
O astrônomo Christopher Chyba também sugeriu que um meteorito rochoso poderia causar uma explosão semelhante com o Evento de Tunguska, com uma onda de impacto enorme mas sem deixar uma cratera.
O fato é que nada foi provado em definitivo, tudo que temos até hoje são teorias e alguns testes que uma hora corroboram com uma ideia e outra hora com outra ideia. O Evento Tunguska continua definitivamente um dos maiores mistérios astronômicos do planeta.
Teorias não tão aceita assim
Porém, eu não poderia terminar a parte das teorias sobre Tunguska sem citar mais três delas que ficaram bem conhecidas, mas calma que não vai ser nada enorme e técnico igual as outras.
Buraco negro: E para começar vamos falar da teoria do buraco negro. Em 1973 dois físicos da Universidade do Texas propuseram que a bola de fogo de Tunguska foi causada por um microburaco negro que atravessou o globo terrestre.
Não existiu nenhuma evidência que pudesse confirmar a teoria dos dois, além disso, depois da descoberta de Stephen Hawking de que buracos negros irradiam energia, indica que um pequeno buraco negro teria evaporado antes que pudesse encontrar a terra.
Antimatéria: Já em 1965, três cientistas sugeriram que a explosão foi causada pela aniquilação de um pedaço de antimatéria que veio do espaço. Porém, assim como a maioria desses tipos de teoria, nenhuma evidência foi encontrada para apoiar essa ideia. Não há nem mesmo provas de que essa matéria exista em nossa região do universo.

Eletromagnetismo: Existem ainda algumas hipóteses de que o Evento Tunguska tenha sido causado por uma espécie de tempestade magnética semelhante àquelas que ocorrem após explosões termonucleares, na estratosfera. Assim como as outras, nada que comprove a ideia foi encontrado.
Esse vídeo já teve teorias e mais teorias sobre o que poderia ter acontecido, é importante lembrar que existem ainda mais delas, desde científicas até as que não tem fundamento nenhum, mas o que fica no final de tudo isso são ainda mais perguntas: o que é que pode ter causado uma explosão tão potente? Por que em um local tão remoto? Coincidência?
Das teorias que eu apresentei nesse vídeo, qual você acha que pode ser verdadeira? Comenta aí pra gente. Ah, e caso nenhuma delas tenha te convencido, comenta aí qual é a sua teoria própria, quem sabe você não desvenda o mistério do Evento Tunguska aqui na zona de comentários do meu vídeo, imagina só (risos).
Conclusão
Por mais incrível que pareça, mesmo sendo mais potente que 1000 bombas de Hiroshima, não há pistas confiáveis do que pode tê-la causado e o Evento de Tunguska continua sendo um dos maiores mistérios astronômicos do mundo.
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